As declarações recentes de Cipollone, membro da Comissão Executiva do BCE, são basicamente um aviso ao mercado: não tirem conclusões precipitadas, a questão dos cortes nas taxas de juro ainda não está fechada. O rumo futuro? Vai depender dos dados e de como evoluem os riscos.



Comecemos pela inflação. À primeira vista, o arrefecimento foi rápido, mas internamente as opiniões estão divididas. Uns estão preocupados com a escalada dos preços da energia, ou com o impacto das tarifas nos EUA, que podem voltar a pressionar os preços em alta — nessas condições, quem se atreve a cortar juros de forma agressiva? Mas há também quem tema o oposto: com a economia tão fraca, se a inflação cair abaixo da meta de 2%, não cortar juros pode fazer a economia estagnar de vez.

Vejamos agora os dados de crescimento. A economia da Zona Euro está praticamente estagnada há quase dois anos, as condições de crédito estão apertadas, as empresas não investem e os consumidores têm medo de gastar. Cipollone tem repetido uma ideia — é preciso que os salários subam para dar confiança à retoma económica. Mas se o crescimento salarial falhar e a procura externa continuar a cair? Nessa altura, não haver cortes nas taxas será insustentável.

Há ainda um detalhe técnico: a redução do balanço (QT). Cipollone foi claro: a redução do balanço faz subir a curva de rendimentos e aperta a concessão de crédito, o que por si só já arrefece a economia. Portanto, mesmo que os juros baixem, o efeito de liquidez será parcialmente compensado pelo QT, não será tão forte.

Para os mercados, esta intervenção tem uma mensagem subliminar — o BCE não está preso a uma única direção, se os dados mudarem, muda imediatamente de rumo. Agora os investidores têm de seguir de perto vários indicadores: evolução da inflação, crescimento económico, salários e o ritmo do QT. Se os dados mostrarem que a economia não aguenta ou que a inflação cai mesmo, aumenta a probabilidade de os cortes voltarem à mesa; se, pelo contrário, a inflação voltar a subir ou as condições financeiras se aliviarem demasiado, a política pode travar de imediato. Em resumo, ainda há muito caminho pela frente, não vale a pena tomar partidos já — esperar para ver pode ser a estratégia mais segura.
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StablecoinSkepticvip
· 12-04 09:55
É outra vez a desculpa do "deixar os dados falarem", no fundo é porque o banco central ainda não decidiu o que fazer. Fazer redução do balanço e cortar taxas de juro ao mesmo tempo, isto não passa de um truque de passar água de uma mão para a outra.
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CafeMinorvip
· 12-04 09:36
A redução do balanço compensa o corte das taxas? Então, todas estas operações do banco central não passam de estar a lutar contra si próprio, que piada.
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rekt_but_vibingvip
· 12-04 09:33
Espera aí, a redução do balanço ainda continua? Então a descida das taxas de juro é só para inglês ver, de um lado baixam, do outro apertam, no fim quem tem de apertar o cinto são sempre as pessoas comuns.
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FallingLeafvip
· 12-04 09:28
A redução do balanço compensa o corte das taxas? Isto não é basicamente passar de uma mão para a outra, acabando por reduzir o efeito, não é?
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