O que são ETFs de Criptomoedas e como funcionam?

Os Exchange-Traded Funds (ETFs) de criptomoedas afirmaram-se como uma inovação financeira relevante, ligando os instrumentos de investimento tradicionais ao universo dos ativos digitais. O lançamento do BITO, o primeiro ETF norte-americano de Bitcoin em 2021, que captou 1 bilião $ em apenas dois dias, comprova a forte procura por exposição a criptomoedas através de produtos regulados. Este artigo aborda os conceitos essenciais, mecanismos, vantagens e aspetos a considerar sobre ETFs de criptomoedas no contexto financeiro atual.

O que são ETFs?

Os exchange-traded funds (ETFs) são veículos de investimento inovadores que permitem aos investidores expor-se ao preço de diferentes classes de ativos sem necessidade de posse direta dos ativos subjacentes. São geridos por sociedades financeiras especializadas que reúnem investimentos e emitem participações em mercados públicos, como a New York Stock Exchange (NYSE). Ao adquirir participações em ETFs, o investidor obtém exposição proporcional à carteira do fundo, beneficiando da liquidez e da supervisão regulatória dos mercados de valores mobiliários.

Por exemplo, um investidor no SPDR Gold Trust pode acompanhar a evolução do preço do ouro sem os desafios logísticos de armazenar barras físicas. Os ETFs distinguem-se dos fundos de investimento pela sua maior liquidez — negociam-se continuamente durante o horário de mercado, em vez de apenas ao fecho. Este fator contribuiu para que os ETFs se tornassem protagonistas nas finanças mundiais, com o mercado norte-americano a ultrapassar os 7 biliões $ em capitalização. Todos os ETFs cumprem a regulamentação de valores mobiliários definida por entidades como a U.S. Securities and Exchange Commission (SEC), assegurando proteção ao investidor e transparência de mercado.

O que são ETFs de Criptomoedas?

Os ETFs de criptomoedas são fundos negociados em bolsa especializados em investimentos ligados ao setor das criptomoedas. Para compreender o conceito de ETF de criptomoedas, é fundamental distinguir que, ao contrário dos ETFs tradicionais que podem investir em matérias-primas, ações ou moedas, estes fundos proporcionam exposição direta ou indireta ao universo cripto. Podem incluir ativos como criptomoedas (por exemplo, Bitcoin), produtos derivados como contratos de futuros, ou participações em empresas do ecossistema cripto — como operações de mineração proof-of-work que sustentam redes blockchain.

A aprovação do BITO pela SEC em 2021 marcou o lançamento do primeiro ETF de Bitcoin nos mercados norte-americanos. No entanto, trata-se de um produto suportado por futuros, ou seja, a ProShares detém contratos de futuros de Bitcoin e não a criptomoeda física. Esta diferença é relevante para compreender o conceito de ETF de criptomoedas, pois os ETFs spot, como o 21Shares Bitcoin ETF (EBTC), mantêm a criptomoeda subjacente em contas de custódia geridas por entidades especializadas. A disponibilidade de ETFs de futuros ou spot depende das regulamentações de valores mobiliários e cripto de cada jurisdição. Todos os ETFs de criptomoedas são negociados em bolsas reguladas durante o horário normal e aplicam normalmente comissões de gestão.

Como funcionam os ETFs de Criptomoedas?

Investir em ETFs de criptomoedas segue o modelo da negociação tradicional em bolsa, sendo acessível para investidores habituados ao mercado de valores mobiliários. O primeiro passo é criar conta numa corretora que disponibilize o ETF cripto pretendido. Após validação da conta e depósito por transferência bancária ou cartão, o investidor procura o ETF pelo seu símbolo e adquire as participações desejadas.

Após a aquisição, o investidor mantém a posição mediante o pagamento das comissões de gestão do fundo. O processo é simples: é possível comprar e vender participações durante o horário regular de negociação, assegurando flexibilidade e liquidez semelhantes à negociação de ações individuais. Esta estrutura elimina grande parte da complexidade técnica da posse direta de criptomoedas, como a gestão de chaves privadas, a criação de carteiras digitais ou o uso de plataformas de negociação de criptoativos.

Vantagens e Desvantagens dos ETFs de Criptomoedas

Embora não confiram a posse direta dos ativos digitais, os ETFs de criptomoedas apresentam benefícios que os tornam opções interessantes face à compra direta de criptomoedas em determinadas situações. Conhecer os pontos fortes e limitações permite tomar decisões informadas sobre a integração destes fundos na carteira de investimentos.

Vantagens dos ETFs de Criptomoedas

Os ETFs de criptomoedas oferecem vantagens relevantes para investidores particulares e institucionais. Antes de mais, proporcionam conveniência e acessibilidade — negociar ETFs cripto é semelhante à negociação tradicional em bolsa, dispensando o domínio da gestão de carteiras digitais ou de plataformas de criptoativos. Esta familiaridade reduz a curva de aprendizagem e facilita o acesso à exposição cripto para investidores habituais.

Em segundo lugar, simplificam consideravelmente questões fiscais. A tributação das criptomoedas é complexa e varia consoante a jurisdição, mas os ETFs beneficiam de mecanismos de reporte fiscal claros e consolidados. Para o investidor, torna-se mais simples cumprir obrigações fiscais e reportar ganhos ou perdas sem navegar pela complexidade das leis específicas de tributação de criptoativos.

Em terceiro lugar, promovem a diversificação das carteiras ao permitir exposição a ativos digitais sem os riscos e responsabilidades da custódia direta. Com a crescente oferta de ETFs cripto, investidores de todos os perfis podem incluir ativos digitais em estratégias diversificadas.

Desvantagens dos ETFs de Criptomoedas

Apesar das vantagens, os ETFs de criptomoedas têm limitações. A principal é a ausência de posse direta dos ativos — mesmo quando os gestores detêm criptomoedas nas suas carteiras, os investidores não têm acesso direto aos ativos digitais. Isto impede a participação em aplicações Web3, como plataformas DeFi, e limita o uso dos ativos em pagamentos peer-to-peer ou outras utilizações nativas de criptomoedas.

Além disso, os ETFs de criptomoedas implicam risco de contraparte. Sem a posse direta dos ativos em carteiras privadas, os investidores dependem da competência e integridade dos gestores do fundo, estando sujeitos a riscos de má gestão, falhas de segurança nos ativos cripto do fundo ou problemas técnicos que possam comprometer o acesso aos ativos.

Por fim, podem surgir ineficiências de preço. Ao contrário da posse direta, o preço das participações do ETF resulta dos ativos do fundo e pode não refletir fielmente o valor de mercado da criptomoeda. Isto pode originar discrepâncias entre o valor real do ativo e o preço de negociação do ETF. Consoante a volatilidade e condições do mercado, os ETFs de criptomoedas podem negociar com prémio ou desconto face aos ativos digitais subjacentes, o que pode influenciar os retornos do investimento.

Quais são os ETFs de Criptomoedas mais populares?

O mercado dos ETFs de criptomoedas cresceu de forma significativa, oferecendo múltiplas opções para exposição ao setor cripto. Quer se procure exposição direta ao preço do Bitcoin, quer se pretenda diversificação em tecnologias Web3 e empresas blockchain, existem alternativas consolidadas.

O ProShares Bitcoin ETF (BITO), lançado em 2021, foi o primeiro ETF norte-americano de Bitcoin. Embora ofereça exposição ao preço do Bitcoin, recorre a contratos de futuros, em vez de reservas físicas, em conformidade com as normas da SEC na data do lançamento.

O Amplify Transformational Data Sharing ETF (BLOK) investe em empresas que operam nas áreas de finanças digitais e tecnologia blockchain, não diretamente em criptomoedas. Sendo um fundo de gestão ativa, a Amplify ajusta continuamente as posições do BLOK, incluindo empresas como uma das maiores plataformas centralizadas de negociação cripto e empresas líderes de mineração de Bitcoin.

O VanEck Vectors Digital Transformation ETF (DAPP) investe em empresas cotadas que moldam o setor das criptomoedas. O ETF da VanEck detém posições em grandes plataformas de negociação, mineiros de Bitcoin como a Riot Platforms e a Block (anteriormente Square), uma plataforma de pagamentos digitais.

O Valkyrie Bitcoin Miners ETF (WGMI) foca-se em empresas de mineração de Bitcoin essenciais para a rede BTC, tais como Hut 8, Riot Platforms e Hive Blockchain. O WGMI investe igualmente em fabricantes de chips informáticos para hardware de mineração, como Advanced Micro Devices e Taiwan Semiconductor, proporcionando exposição diversificada ao ecossistema mineiro de Bitcoin.

Conclusão

Os ETFs de criptomoedas são um avanço relevante na democratização do investimento em ativos digitais, permitindo que investidores tradicionais acedam ao universo cripto através de instrumentos regulados e familiares. Dominar o conceito de ETF de criptomoeda é fundamental para quem pretende participar na revolução dos ativos digitais através da infraestrutura financeira clássica. Ao conjugar o potencial inovador das criptomoedas com as garantias regulatórias e a simplicidade dos exchange-traded funds, os ETFs de criptomoedas tornam o acesso ao mercado cripto mais simples para particulares e instituições. No entanto, é essencial ponderar os compromissos entre conveniência e controlo, reconhecendo que estes fundos sacrificam a posse direta e a utilidade cripto para garantir simplicidade, conformidade regulatória e integração nos sistemas financeiros tradicionais. Com a evolução do setor e do enquadramento normativo, os ETFs de criptomoedas continuam a multiplicar-se, oferecendo soluções cada vez mais sofisticadas para integrar ativos digitais em carteiras diversificadas. Seja pela posse direta, por produtos de futuros ou por participações em empresas blockchain, os ETFs de criptomoedas são ferramentas valiosas para participar na revolução digital, mantendo a ligação ao sistema financeiro convencional.

FAQ

Como funciona um ETF de criptomoedas?

Um ETF de criptomoedas permite negociar criptoativos em bolsas de valores, eliminando a complexidade da negociação direta de criptomoedas. É transacionado como uma ação, oferecendo uma forma simples de especular sobre o preço das criptomoedas, com volatilidade semelhante e, muitas vezes, custos mais baixos.

O XRP é um ETF?

Não, o XRP não é um ETF. É uma criptomoeda. Existem candidaturas para ETFs spot de XRP pendentes de apreciação pela SEC, com decisões previstas para o final de 2025.

Os ETFs de criptomoedas são um bom investimento?

Os ETFs de criptomoedas podem ser uma boa opção para quem pretende diversificação e exposição ao mercado cripto sem posse direta. Apresentam potencial de valorização e podem ser menos arriscados do que investir em moedas individuais.

O que acontece quando uma criptomoeda passa a ter um ETF?

Quando uma criptomoeda passa a ter um ETF, normalmente regista maior procura, o que pode impulsionar o preço. Isto resulta em melhor acesso ao mercado, maior confiança dos investidores e reforço da segurança para o ativo digital.