O que é o setor DePIN?

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DePIN, ou Decentralized Physical Infrastructure Networks, designa a utilização de sistemas blockchain e DeFi (Decentralized Finance) para criar e operar infraestruturas físicas — como energia, conectividade e transportes — de forma descentralizada. Ao contrário dos modelos convencionais, dominados por grandes empresas ou organismos públicos, o setor DePIN permite a participação individual, a tokenização de ativos e a distribuição de receitas. Por exemplo, painéis solares residenciais e sistemas de armazenamento podem ser ligados em rede e incentivados através de tokens, formando uma infraestrutura física descentralizada.
Este conceito tem vindo a captar forte atenção tanto junto da comunidade de criptomoedas como dos investidores institucionais em infraestruturas, ao alargar o paradigma Web3 ao mundo físico.
No setor energético, é comum os proprietários instalarem sistemas solares e de armazenamento ligados a uma rede. Em períodos de elevada procura, estes equipamentos domésticos podem ser integrados para apoiar a rede elétrica, atuando como parte de uma “central virtual”. Os participantes conseguem não só reduzir as suas faturas de eletricidade, como também obter tokens da rede ou outras recompensas. Este modelo ilustra a convergência entre tecnologia descentralizada e infraestruturas físicas no setor DePIN.
Daylight: Financiamento e Principais Partes Interessadas
Recentemente, a Daylight Energy — empresa dos Estados Unidos especializada em redes de energia descentralizada — garantiu 75 milhões $ em financiamento. O montante foi dividido em dois segmentos: 15 milhões $ em capital próprio liderado pela Framework Ventures e 60 milhões $ em financiamento para desenvolvimento de projetos gerido pela Turtle Hill Capital.
- Participaram também a16z crypto, Lerer Hippeau, M13, Room40 Ventures, EV3, Crucible Capital, Coinbase Ventures e Not Boring Capital.
- O modelo de negócio da Daylight transforma instalações solares e baterias domésticas em “centrais distribuídas”, permitindo aos utilizadores aderir para reduzir custos de eletricidade e fornecer armazenamento à rede em períodos de pico, gerando receitas. Além disso, a empresa lançou o protocolo DayFi, que liga os rendimentos de infraestruturas elétricas ao mercado DeFi.
Qual o significado deste financiamento?
- O setor energético DePIN atingiu um marco: o financiamento da Daylight mostra que as redes de infraestrutura descentralizada ultrapassaram a fase de conceito e estão a captar capital. Enquanto elemento central da infraestrutura, soluções energéticas descentralizadas e em blockchain estão a atrair o interesse dos investidores.
- Da tecnologia à monetização: Os modelos tradicionais de produção solar com armazenamento são dispendiosos e têm retorno lento. Ao integrar equipamentos residenciais numa rede e adicionar mecanismos de receita DeFi, a Daylight converte a eletricidade num ativo investível. Ou seja, hardware, serviços e financiamento convergem.
- Apoio institucional relevante: O investimento de entidades como Framework Ventures e a16z crypto revela que “criptomoedas e infraestrutura real” estão agora no radar do capital institucional, definindo o rumo para futuros projetos.
- Potencial de expansão comercial significativo: A Daylight está em fase piloto em Illinois e Massachusetts. Com este financiamento, poderá escalar rapidamente para novas regiões e desenvolver o protocolo DayFi, aproximando o DeFi do mercado energético.
Perspetivas Futuras e Riscos a Considerar
Principais aspetos a acompanhar:
- Estratégia de expansão internacional da Daylight: Com o aumento da procura de energia, mais famílias poderão aderir a sistemas distribuídos.
- Evolução do protocolo DayFi: Conseguirá permitir que investidores institucionais participem nos rendimentos de redes domésticas de produção e armazenamento por via digital?
- Contexto político e regulamentar: Os subsídios estão a diminuir em várias regiões e as políticas energéticas, tanto tradicionais como distribuídas, estão a mudar rapidamente.
Riscos potenciais incluem:
- A aceitação pelo mercado permanece incerta: Irão os proprietários aderir à ideia de transformar telhados e baterias em “centrais elétricas” e participar no sistema?
- Persistem desafios em termos de capacidade de suporte à rede, custos de manutenção dos equipamentos e ciclos de retorno.
- A integração de mecanismos financeiros cripto com infraestruturas físicas é complexa e pode enfrentar riscos regulamentares, técnicos e de segurança.
- A adaptação local e os custos operacionais na expansão regional podem superar as expectativas.